Ainda estou de ressaca pela noite que tive ontem.
Estipulei como meta para esse ano ter mais calma e paciência
com as meninas. Na verdade não só com elas, mas com todas as pessoas que
convivem comigo. E durante o ano tive altos e baixos, na verdades muitos mais
baixos do que gostaria e deveria ter tido.
Se tem uma coisa que me irrita profundamente é choro de
criança, ainda mais sem motivo aparente. Justifica-se pra mim quando a criança
está doente e sente alguma dor, mas quando é por manha, por querer algo e não
ter, eu não tolero.
Ontem briguei com as meninas e acho que durante esses anos
nunca fiquei me sentindo tão mal. Briguei por nada, ou melhor, por um garfo que
a Fernanda teimava em querer e eu não dei, porque achava que ela poderia se
machucar. E nisso dá-lhe choro, manha,
pirraça. Objetos eram lançados por ela ao chão. Essa nova mania dela me tira do
sério!
Tento não bater nas meninas. Acho que cada um tem seu ponto
de vista e pra cada casa e pessoa funciona de uma forma. A Clara não apanha,
mas com a Fernanda ainda acontece. Não pensem que me sinto bem com isso, pelo
contrario, me sinto derrotada e descontrolada. E eu preciso e vou mudar isso.
A agressão física não é pior do que a verbal. Essa sim,
muitas vezes dói mais do que um tapa.
Ontem na briga falei uma coisa pra minha filha que jamais
deveria ter falado. Na hora a cabeça estava quente o sangue subiu e eu falei. Despejei
em cima de uma menina de 6 anos as minhas frustações. Tadinha da minha menina,
tão magrinha, caladinha, boazinha.... uma criança que tantas vezes faço mil
elogios e ontem eu fiz um mal a ela.
Menos de 5 minutos depois eu estava totalmente arrependida,
envergonhada, chateada por não ter conduzido melhor a situação. E ela com os
olhos vermelhos de chorar, soluçando não me olhava e não falava comigo. Pedi desculpas
disse que nunca mais faria isso, mas ela
não me encarava. Depois de muitos pedidos de desculpas e tentativas minha de
aproximação, ela resolve falar e me diz que chorava porque eu a xinguei.
Que espécie de mãe eu sou?
Conversamos, abracei, pedi desculpas, dei beijo, terminamos
de comer e fomos brincar no quarto. Ela aparentemente esqueceu, mas eu não. Sempre
que eu olhava pra elas, lembrava dos gritos, da minha mão pesada, do meu
descontrole. A noite quando o sono veio, elas deitaram, cada uma de um lado
como sempre fazem e eu com a mão em cima delas, chorava arrependida (como há
muito tempo não choro) de ter cometido tamanha covardia.
Cheguei a desabafar, recebi mensagens de apoio que me
confortaram e agradeço a todas o carinho.
E quando meu sono veio, a consciência pesada apareceu e tive
pesadelos a noite toda.